Do nada, o peito dispara. É a arritmia. Nem sempre isso representa perigo, mas alguns quadros, comuns entre os jovens esportistas, podem levar o órgão a uma pane completa.
A máquina, ou melhor, o músculo que bombeia o sangue para o corpo inteiro possui sua própria rede de energia. Graças a esse bem montade sistema elétrico, ele consegue bater em cadência certa, dando conta do seu trabalho e mantendo a circulação. Quando, porém, surge um curto-circuito, o caração perde o compasso - e, assim, deixa de contrair e relaxar com a mesma precisão. É aí que se anuncia a arritmia, uma desordem que não tem idade para se manifestar. Se por vezes ela se mostra inofensiva, outras tantas pode fazer o peito pifar.
- Pane elétrica
O coração abriga uma espécie de gerador elétrico, o nó sinusal. Os impulsos saem de lá e percorrem toda uma rede de fios, ops, nervos espalhados pelo órgão. São esses estímulos que fazem o músculo cardíaco contrair e relaxar, batendo normalmente entre 50 a 90 vezes por minuto. No entanto, devido a uma predisposição genética ou a uma lesão, podem surgir correntes elétricas partindo de outro ponto do coração - e esse embate de energia culmina num curto -circuito. Isso provoca uma taquicardia, isto é, o coração passa a bater rápido demais a ponto de ficar, em casos extremos, apenas tremendo. Nessa condição ele pode deixar de funcionar.
- Repolarização precoce
Entre um movimento de contração e outro de relaxamento, as células do coração perdem e ganham elétrons. Chama-se repolarização o momento exato em que a célula recupera a sua carga de elétrons. Quando isso se antecipa, há a tal da repolarização precoce. "Em alguns jovens, ele é uma conseqüência da maior atividade do sistema nervoso autônomo, o que é normal nessa idade", diz o cardiologista José Carlos Pachón. A ameaça é quando existe uma doença que prejudica a troca de cargas das células cardíacas - daí, sim, o fenômeno cheira a problema.
- Coisa de criança
Pois é, nem os pequenos corações escapam das arritmias. Antes mesmo de o bebê vir ao mundo, os médicos já conseguem visualizar o problema pelo ultrassom. "Há casos em que a terapia começa antes do nascimento", diz o cardiologista José Carlos Pachón. Ou seja, a própria mãe passa a tomar remédios com o objetivo de controlar a arritmia do rebento, seja ela uma taquicardia, seja uma bradicardia. Em outras ocasiões, mal a criança dá o ar de sua graça na sala de parto, já ganha tratamento. Pachón conta que, para acabar com o distúrbio que retarda as batidas no recém-nascido, já lançou mão de um marcapasso provisório minutos depois de o pequeno sair da barriga da mãe. "Usamos o próprio caminho por onde passou o cordão umbilical para levar só os eletrodos do aparelho até o coração do recém-nascido". Que entrou no ritmo da vida e se saiu bem, obrigado.
POR DENTRO DAS ARRITMIAS
Confira os sinais, as causas e os riscos da bradicardias e das taquicardias.
- Freqüência cardíaca: as bradicardias fazem o coração trabalhar mais lentamente, enquanto as taquicardias aceleram o ritmo dos batimentos.
- Causas: o estresse, o esforço físico e bebidas alcoólicas ou estimulantes podem despertar batidas rápidas demais. Mas a origem tanto das bradi como das taquicardias está ligada a doenças congênitas do coração, envelhecimento, infarto, mal de Chagas ou inflamações cardíacas.
- Sinais: um indício clássico da bradicardia é o cansaço no dia-a-dia, mas assim como na taqui, podem aparecer palpitações, embaçamento da visão, tontura, desmaio, dor no peito e falta de ar.
- Riscos: as taquicardias promovem um curto-circuito, ao passo que nas bradis há um bloqueio na condução dos impulsos. Ambas podem detonar uma pane. "Às vezes, as arritmias são assintomáticas e a morte súbita é sua primeira e última manifestação", diz José Carlos Pachón. Por isso, cheque sempre a saúde cardíaca.
(Fonte: Revista Saúde! é vital; Edição: 305)
Nenhum comentário:
Postar um comentário